OS SENTIDOS HUMANOS E O HYGGE

Hygge significa a criação de um ambiente minimalista, de bem-estar, de conforto, de segurança, de aconchego e de igualdade, que pode ser praticado em qualquer lugar e hora. Criar um ambiente hygge não é difícil, nem exige que precisemos de gastar dinheiro. O Hygge resume-se à ideia de fazer o bem aos outros e a nós mesmos, sem cobrar nada.

De acordo com o que já falei no post ‘Vamos falar do Hygge’, um momento hygge é por exemplo: estarmos a beber um chá quentinho, em frente à lareira a ouvir o estalar da lenha; estarmos com amigos/família a confecionar o jantar, enquanto se ouve boa música; estarmos apenas a ler um livro na nossa varanda ou naquele canto da casa perfeito para o silêncio; ou estarmos a apreciar o pôr-do-sol.

Todos estes momentos têm uma, ou cinco, coisas em comum, os sentidos humanos. Esses sentidos resumem-se ao paladar, olfato, tacto, visão e audição. Mas vamos por isto por palavras mais hyggelig: o sabor, o cheiro, o toque, o olhar e o ouvir.

O sabor é o sentido que nos deixa aconchegados interiormente e que nos transporta no tempo. Um chocolate quente ou um chá num dia de inverno gelado sabe tão bem e é tão reconfortante. Tal como um delicioso gelado num dia de verão abrasador. O sabor no Hygge também está relacionado com as memórias. Muitas vezes temos momentos de nostalgia com comidas que nos fazem recordar algum familiar ou amigo, um momento feliz e/ou uma viagem.

O cheiro também está associado à nostalgia. Este é o sentido que nos guia para a segurança, porque muitas vezes antes de comermos algo primeiro cheiramos para perceber se é bom ou não. Por exemplo quando passamos por uma padaria e vem aquele cheirinho a pão acabado de fazer é tão atraente e ficamos com vontade de ir logo comer uma carcaça com manteiga.

O terceiro sentido é o toque. O toque é o meio de ligação às coisas. Quando tocamos em madeira pura ou na água do oceano estamos em total contacto com a natureza, sentimos a natureza. Quando abraçamos uma pessoa especial sentimos o amor que temos por ela ou ela por nós. O toque foi a forma que o ser humano arranjou se ligar às coisas, à natureza e às pessoas.

O olhar ou a visão é um sentido que nos foi dado com o objectivo de nos ensinar a observar e avaliar. Uma vez ouvi a seguinte frase: ‘Deus deu ao homem dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos’. No hygge o olhar permite-nos relaxar a mente e ajuda-nos a apreciar o presente. Nada melhor que um fim de dia com amigos a apreciar o pôr-do-sol.

Por último temos o ouvir. Este sentido é tão importante quanto os outros e tal como o sabor permite-nos recordar bons momentos que vivemos. Por exemplo todos nós temos músicas que marcaram momentos ou alturas da nossa vida. E cada vez que ouvimos essas músicas automaticamente nos transportamos para esses momentos. O som da chuva, numa noite de inverno, ou o som do mar numa tarde de verão na praia, também é bastante hygge.

Contudo existe um sexto sentido neste mundo do hygge: o Prazer. O prazer implica que naquele momento sintamos conforto, segurança, paz interior e felicidade. Desta forma, quando partilhamos um momento hygge com alguém é porque confiamos nessa pessoa. E, por norma, esse momento acontece num local onde nos sentimos livres e seguros. Este sexto sentido acaba por abranger todos os outros.

No fundo sentir hygge é sentir amor. E o amor é das armas mais poderosas que o ser humano tem e das mais bonitas de demonstrar e partilhar. Portanto, se hoje ainda não tiveste um momento hygge, estás à espera do quê?!?

Escrito por: Adriana Lourenço