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MARIA MONTESSORI

  • morphofarfalla
  • Mar 10, 2021
  • 4 min read

Updated: Mar 31, 2021

Maria Tecla Artemisia Montessori nasceu a 31 de Agosto de 1870, no seio de uma família burguesa, em Chiaravalle, uma província italiana em Ancona. Nos finais do século XIX e inícios do século XX, revolucionou o ensino ficando conhecida pelo método educativo que desenvolveu, e que ainda hoje é usado nas escolas públicas e privadas por todo o mundo.


Montessori tal como a maioria das mulheres tinham o seu futuro predestinado. Na época o lugar da mulher era dentro de portas, em casa, como domésticas ou nas escolas como professora. No entanto, Maria sentia que o futuro dela não lhe reservava esse tipo de vida. A dottoressa (como lhe chamavam) não tinha uma mente convencionalista.

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Em 1892, foi admitida na Faculdade de Medicina de La Sapienza, sendo a primeira mulher em Itália a entrar para um curso de medicina. Esta entrada de Maria no curso foi um choque para todos e deu muito que falar, dado que medicina era uma profissão exclusiva do sexo masculino. O acesso à universidade das mulheres, na altura, era um feito raro e estranho para a sociedade, onde as que o conseguiam eram consideradas de corajosas. Contudo, a dottoressa conseguiu! Também muito devido ao apoio que teve dos seus pais Alessandro Montessori e Renilde Stoppani.




Um ano depois de terminar o curso de medicina, em 1897, Maria começou a trabalhar na Clínica Psiquiátrica, na Universidade de Roma, onde conheceu Giuseppe Montesano. Maria e Giuseppe tiveram uma relação amorosa, da qual resultou no nascimento do seu único filho, Mário. Esta manteve a gravidez bem como o seu filho em segredo durante quase 40 anos, porque iriam julgá-la por não ter hesitado em ter relações íntimas sem estar casada O relacionamento com Giuseppe acabou pouco após o nascimento do seu filho, porque Giuseppe não queria prejudicar o seu futuro dado a fama que Maria tinha, pois não era uma mulher decente aos olhos da sociedade, porque tirara um curso de medicina. No entanto, o casal desenvolveu as bases da pedagogia científica, que viriam a ser utilizadas pela dottoressa no seu método educacional.


A 6 de Janeiro de 1907 Maria Montessori inaugura a primeira Casa das Crianças, onde iria por em prática o seu método baseado na ‘pedagogia científica’. No discurso de inauguração da Casa das Crianças a dottoressa disse:


"A Casa das Crianças não é um refúgio passivo para as crianças, é uma escola onde se educa segundo os princípios da chamada pedagogia científica. Aqui acompanhamos de perto o desenvolvimento físico dos pequenos, os quais estudamos de um ponto de vista antropológico." (Revista National Geographic, Nº4, Edição Especial Grandes Mulheres)

Hoje em dia, este discurso pode parecer banal e óbvio, mas para a altura foi revolucionário, porque o ensino era rígido ao ponto de as crianças serem tratadas como adultos. Maria conseguiu que crianças de seis anos, filhas de pais analfabetos e pobres, consideradas de selvagens, aprendessem a ler e a escrever. Ao contrário das escolas pagas, onde essas mesmas crianças, de seis anos, ainda só saberiam soletrar. Era um verdadeiro sucesso. Porém, Maria teve muitos contratempos com as suas escolas, porque era uma mulher a ter sucesso no mundo da ciência e da medicina.


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Até aos seus 43 anos Montessori viveu em Itália, onde desenvolveu muito e pôs em prática o seu método. Seguidamente começou a dar várias conferências por todo o mundo. A partir daí não se fixasse num lugar, num país, sendo uma verdadeira nómada. A própria admitia ser uma cidadã do mundo. As primeiras conferências internacionais que deu foi nos Estados Unidos, tendo ficado durante uma pequena temporada. Após a morte do seu pai, em 1915, Maria tentou regressar a Itália, mas com o começo da Primeira Guerra Mundial, não conseguiu, mudando-se para Barcelona.


Após o fim da Primeira Guerra, Maria consegue finalmente regressar ao seu país natal, em 1924, onde teve uma importante reunião com Benito Mussolini. A reunião determinou um acordo para se reabrir as escolas Montessori. Todavia, este acordo durou pouco tempo, porque Mussolini queria o domínio das escolas, para implementar os seus ideais fascistas. E Maria como defensora da liberdade de expressão e do livre pensamento começou a criticar o sistema do Duce, tendo este a denominado una persona non grata (uma pessoa não grata), obrigando-a a fugir de novo para Barcelona, em 1934. Passados dois anos, quando já estava instalada, despoletou a Guerra Civil em Espanha, comandada por Francisco Franco. Mais uma vez a dottoressa viu-se obrigada, a mudar e a começar tudo do zero, desta vez em Amesterdão, na Holanda.


É de referir que Maria nunca deixou de dar conferências, continuando sempre a ter um enorme sucesso por onde passava, sendo o seu público, maioritariamente, feminino. Nestas viagens o seu filho andou sempre com ela, tornando-se no seu braço direito. Embora as pessoas não soubessem que era seu filho. Mário acreditava no método da sua mãe e nunca se quis impor perante o legado que Maria estava a criar, mesmo após a morte da mesma.


Em 1939, Montessori viajou para a Índia a convite da Sociedade Teosófica para ministrar os cursos de formação referentes ao seu método educativo. Contudo, ficou retida no país, com Mário, devido ao início da Segunda Guerra Mundial. Só ao fim de 7 anos é que conseguiu regressar a Amesterdão. A estadia na Índia foi muito enriquecedora para a dottoressa. O seu método para além de ter uma vertente pedagógica e científica, também tem um lado espiritual. Maria tinha uma fé espiritual muito forte, onde acreditava que todos os seres humanos vinham à terra com um propósito. Propósito esse que tinha de ser explorado desde cedo, em pequeninos. Deste modo, o seu método tem este lado espiritual, onde Montessori defendia a liberdade de pensamento e de escolha das crianças.


Maria Montessori faleceu a 6 de Maio de 1952, deixando um legado que mudou a história da educação, e que ainda hoje é falado e aplicado nas escolas em todo o mundo. Maria foi uma revolucionária, foi uma médica, cientista, antropóloga, feminista, educadora, pacifista e viajante. A dottoressa é um exemplo de persistência, esperança, luta, altruísmo, bondade e compaixão. Uma mulher que marcou a história e que já mais será esquecida.


Fonte: Revista National Geographic, Nº4, Edição Especial Grandes Mulheres


Escrito por: Adriana Lourenço


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